quinta-feira, 19 de abril de 2012
AS VELHAS PRÁTICAS POLÍTICAS ATRASANDO O PAÍS
Por Carlos Augusto Furtado Moreira
Ao
se aproximarem as eleições municipais, as movimentações nos bastidores diariamente
divulgadas pela imprensa e pelas redes sociais, cristaliniza o reinício de uma
prática deplorável e condenável na política desse país: o leilão de cargos.
As alianças costuradas em busca de um maior espaço na mídia (tempo de propaganda política eleitoral que possuem os partidos políticos), os cargos e as verbas (fundo partidário), são negociadas pelos candidatos e/ou seus emissários a peso de ouro, levando sempre em consideração um possível resultado vitorioso nas urnas.
Destarte, eis porque a grande maioria da população brasileira, não consegue entender do por que ao assumir o comando da gestão municipal, estadual e federal, os seus titulares não conseguem desenvolver suas ações, projetos e programas independentes ou contemplados por sua equipe de governo, sem interferências; em verdade, ficam atrelados aos apoios construídos em épocas pré-eleitorais.
Recentemente
a presidente Dilma Roussef não conseguiu emplacar a recondução de Bernardo
Figueiredo como diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT,
embora diversos fatores tenham contribuído para a “derrota governamental no
Senado Federal”, segundo os repórteres políticos nos bastidores o que pesou foi
à insatisfação no que tange a liberação de emendas parlamentares, a demora das
nomeações de apadrinhados para cargos públicos e a perspectiva de uso da
máquina federal para beneficiar o Partido dos Trabalhadores – PT, nas eleições
municipais que se avizinham.
Neste
mister, o principal ator deste complexo teatro – o eleitor – não possui o
atendimento de suas necessidades nas diversas áreas sociais, pois isto passa
pelos interesses dos partidos e de seus integrantes, vez que “a barganha, a negociação, a concessão e a
composição, fazem parte da natureza política”, segundo o jornalista Otávio
Cabral.
Assim
a formação de alianças pragmáticas e sem afinidades ideológicas que sempre fez
parte da política brasileira, o que para o cientista político Rubens Figueiredo
“origina todos os escândalos de corrupção
do país”, encontra guarida nas argumentações de seu par, Octaviano
Nogueira, também cientista político da Universidade de Brasília que disse “a maior parte dos partidos políticos brasileiros
não possuem ideologia e nem projetos para o país, seus principais objetivos são
os benefícios que o poder pode lhe oferecer pela base de apoio aos governos”.
Essas
mazelas recebem diariamente posicionamentos e posturas que poderiam neutralizá-las
– a reforma política do país, mas a
grande maioria dos políticos brasileiros evidentemente a vê como ameaça aos
seus interesses, destarte, não há o menor esforço em reduzir o número de
partidos políticos, aumentar a fiscalização sobre os políticos eleitos, diminuir
o apadrinhamento, fim das coligações ou mesmo aproveitamento da base de apoio
no Poder Legislativo por parte do Poder Executivo, pois se assim quisessem já
teriam discutido e votado essa importante reforma que a sociedade há muito
clama.
Pesquisando
alguns dados observei que na atualidade o Brasil possui 23 partidos políticos
com representação no Congresso Nacional e destes 18 fazem parte da base de
apoio do governo Dilma Roussef, sendo que este (governo) possui 23.000 cargos
de livre nomeação; comparando esses números aos de nações desenvolvidas, a
disparidade nem merece comentário.
Mas como
sempre argumento, sempre há uma luz no fim do túnel, com a troca de lideranças
no governo federal, no legislativo, o Senador Eduardo Braga, novo líder,
orientado pela presidente Dilma Roussef além de restabelecer a interlocução do
palácio do planalto com os partidos da base de sustentação do governo, recebe a
incumbência de colocar em prática as boas práticas políticas, tentando assim um
novo conceito de governabilidade baseado em projetos, eficiência da gestão e
meritocracia, o que nos faz acreditar os cuidados que os velhos caciques dos
partidos acostumados ao toma lá, dá cá, da política brasileira devem ter a
partir de agora.
Oxalá que
essa nova postura realmente seja colocada em prática e os resultados possam
servir de parâmetros para mudanças, pois são políticos afinados com essa linha
de pensamento que a sociedade brasileira espera difundir-se.
Finalizando
e ainda raciocinando sobre o comentário do Vice-Governador do Estado do
Maranhão, Washington Luiz Oliveira, na rede social facebook “Estou
cada dia mais convencido da urgência de uma ampla reforma política neste país.
No meu entender é necessário o financiamento publico de campanha e lista
fechada para cargos proporcionais. Ou fazemos isso ou colocamos em risco a
construção do amplo processo de democratização que sonhamos”.
Assim passei a entender um pouco mais desta
necessidade nacional.
Crianças bebiam água de gado em fazenda de Camilo Figueiredo
Da Agência Repórter Brasil
Crianças e adultos bebiam a mesma água que o gado na Fazenda Bonfim, zona rural de Codó (MA), onde foram resgatadas sete pessoas de condições análogas às de escravos após denúncia de trabalhadores que não quiseram se identificar. A libertação aconteceu no início de março e foi realizada por ação conjunta de Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Maranhão (SRTE/MA), Ministério Público do Trabalho e Polícia Federal.
Criança na fazenda dos Figueiredo:deputado nega e põe a culpa no pai, o ex-prefeito Biné Figueiredo |
A propriedade em que foram flagradas condições degradantes pertence à Líder Agropecuária Ltda., empresa da família Figueiredo, que tem como sócios o deputado estadual Camilo Figueiredo (PSD/MA), além de Rogério Carneiro Figueiredo, Rodrigo De Lellis Salem Figueiredo e Camilo De Lellis Carneiro Figueiredo Filho.
À Repórter Brasil, o deputado Camilo (foto) afirmou desconhecer as denúncias e disse que a fazenda é administrada por seu pai, Benedito Francisco da Silveira Figueiredo, o Biné Figueiredo, ex-prefeito de Codó. Biné, por sua vez, nega que seja administrador e alega que não há trabalhadores na propriedade, “apenas moradores”.
Deputado Camilo Figueiredo: ele trata a todos com igualdade;dos bois às crianças |
A empresa Líder Agropecuária consta na declaração de bens do deputado estadual Camilo Figueiredo. Por telefone, ele se disse surpreso ao ser informado pela reportagem sobre a libertação na Fazenda Bonfim. “Isso de trabalho escravo é novidade para mim. Até agora não tomei conhecimento desta situação, vou entrar em contato agora para saber o que houve”, disse. Ele confirmou que seu pai, Biné Figueiredo, é o responsável por administrar a propriedade.
Biné, que foi prefeito do município de Codó em duas ocasiões, de 1993 a 1996 e de 2005 a 2008, negou, por telefone, qualquer responsabilidade. Ele alega que não é administrador da propriedade, e, questionado, disse não saber nem a quem a terra pertence. “Eu não acompanhei a fiscalização e não sei se a situação foi solucionada, mas acredito que sim”, afirmou.
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