quarta-feira, 14 de maio de 2014
A
avenida Mascarenhas de Morais mais conhecida como ‘’Estrada da Mata’’ virou uma
grande cratera a céu aberto. População ribamarense reage e protesta.
Por
Fernando Atallaia
Direto
da Redação
A
ausência de uma drenagem profunda adequada e aplicação de asfalto de boa
qualidade além da manutenção constante ao longo dos perímetros de São José de
Ribamar foram coniventes com as ultimas fortes chuvas que destroçaram a cidade.
Mas uma via de acesso foge à regra haja vista sua lastimável situação ser de
total calamidade pública bem antes dos períodos chuvosos.
A
avenida Mascarenhas de Morais, mais conhecida como Estrada da Mata, uma das
mais emblemáticas e importantes vias do município há cerca de cinco anos
denuncia autointerditar-se. A Agência de Notícias Baluarte já vinha retratando o
descaso em matérias produzidas e publicadas por nossa equipe no Blog oficial. A
realidade recente é ainda mais gritante. Atualmente, a Mascarenhas de Morais
foi consumida por centenas de micro e macro buracos que lembram bocas a pedir
socorro na mais distante das metáforas.
Trecho da 'Estrada da Mata' em São José de Ribamar: abandono |
Por
toda sua dimensão e nos trechos mais baixos veículos das mais diferentes trações
dividem espaço com os moradores da área que para se locomoverem tem que driblar
as crateras em passos orquestrados. Uma forma infalsa e insegura de se
buscar o equilíbrio. Incidências de acidentes vem acometendo os ribamarenses
das vilas Sarney I, II, Tijupá Queimado, J. Lima, São Luis, Mata, Matinha, Ubatuba,
Cidade Alta, Rio de São João, Quinta, e Jardim Tropical. Bairros que dependem
diretamente da Estrada para manter intercâmbios e relações comerciais entre si,
dentre outras atividades.
Uma pequena amostragem da caótica situação da Avenida: Secretaria de Obras da Prefeitura não se manifesta |
O
direito de Ir e Vir dos cidadãos assegurado na Constituição Brasileira e uma obrigação
do estado e dos municípios vem sendo ferido à luz do dia e durante toda noite
nos trechos que formam a via de acesso. Hoje, a mais abandonada das avenidas de
São José de Ribamar.
Nas
redes sociais, os ribamarenses denunciam o abandono da Mascarenhas de Morais em
tempo real. Somente ANB Online recebeu nos últimos três dias, 27 e-mails e 38
ligações telefônicas em tom de desespero dando conta da situação da Estrada.
Diante
da triste realidade, das denúncias, dos muitos apelos e por ocasião dessa
matéria, nossa Produção tentou contatar o secretário de Obras da Prefeitura
Municipal André Franklin e o prefeito de São José de Ribamar Gil Cutrim para obter esclarecimentos sobre o abandono
da avenida, mas como é de praxe, os telefones sinalizavam fora de área ou
desligados. A desesperança, o descontentamento e a revolta dos
moradores locais continuam.
Fotografias enviadas por internautas.
Em São José de Ribamar, Flávio Dino vence com 56,3% contra 8,3% de Edinho Lobão
Principal reduto de Luís Fernando elegeria Flávio Dino com folga levando ao desespero centenas de apadrinhados do ex-prefeito
Segundo
o Instituto DataM, o pré-candidato da oposição, Flávio Dino (PCdoB), venceria
as eleições no município de São José de Ribamar, com 56,3% contra 8,3% de
Edinho Lobão, caso as eleições fossem hoje. Marcos Silva (PSTU) aparece com
4,7% e Antonio Pedrosa (PSOL) com 1,7%. Dos eleitores ribamarenses, 27,7%
disseram que não votariam em nenhum deles e 1,3% disseram não saber em quem
votar.
Foi
a primeira pesquisa feita no município após a retirada da pré-candidatura do
ex-prefeito Luís Fernando Silva (PMDB) da corrida pelo Palácio dos Leões. Os
votos de Luís Fernando migraram fortemente para o candidato oposicionista
Flávio Dino, revelam os números.
Num
cenário de disputa direta entre Flávio Dino e Edinho Lobão, o pré-candidato da
oposição teria 61,7% do voto no eleitorado ribamarense contra 9,3% do segundo.
26% disseram que não votariam em nenhum deles e 3% não sabem ou não
responderam.
Flávio Dino: 56,3% contra 8,3% de Edinho Lobão na ''casa'' de Luís Fernando |
Na
pesquisa espontânea, em que os entrevistados não são apresentados aos nomes dos
possíveis candidatos, Luís Fernando aparece com 26,7%, Flávio Dino com 17%,
Eliziane Gama com 1%, Marcos Silva com 0,7% e Edinho Lobão, 0,3%.
A
pesquisa foi realizada no município de São José de Ribamar entre os dias 9 e 11
de maio, ouvindo 300 eleitores. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior
Eleitoral sob o protocolo BR 00113/2014 e
no TRE MA-0011/2014 e tem margem de erro de 3% para mais ou para menos.
Rejeição
em Ribamar
O
levantamento feito em São José de Ribamar avaliou ainda a rejeição dos
pré-candidatos. Quando os entrevistados são perguntados em quem não votariam de
jeito nenhum, Edinho Lobão lidera com 43,3%, seguido de Antonio Pedrosa
(15,3%), Flávio Dino (11,7%), Marcos Silva (11%) e Luís Fernando (4%). Não
votaria em nenhum somam 5% do eleitorado e não sabe/não responde, 9,7%.
A
pesquisa DataM mostra o novo cenário eleitoral em um dos principais redutos
eleitorais do estado. Caso o candidato apoiado pelo grupo Sarney ainda fosse
Luís Fernando Silva, em São José de Ribamar (cidade onde foi prefeito por dois
mandatos) Luís Fernando teria 64,3% dos votos contra 25% de Flávio Dino, 1,7%
de Marcos Silva e 0,3% Antonio Pedrosa. 7,7% disseram que não votariam em
nenhum deles e 1% não sabe/não respondeu.
ESQUEMA DE CORRUPÇÃO PESADO EM PAÇO
Do MP/MA
O Ministério Público do Maranhão (MPMA) ajuizou Ação Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa contra o prefeito de Paço do Lumiar (a 25 Km de São Luís), Josemar Sobreiro, pela contratação excessiva de pessoas para exercer cargos comissionados para o quadro de servidores do município e sem prévia aprovação em concurso público.
Segundo
a titular da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Paço do Lumiar, Gabriela
Tavernard – que assina a ação -, enquanto a lei que rege a contratação de
cargos comissionados para o quadro de servidores de Paço do Lumiar (Lei
Municipal nº 479/2013) permite 124 contratos, há 403 cargos desta natureza na
administração municipal, não amparados em Lei Municipal. O número é 325% maior
do que o permitido por legislação.
Prefeito Josemar dançando com a secretária de
Desenvolvimento Social do município: denúncias de corrupção e ações movidas
pelo Ministério Público de quinze em quinze dias
|
As
apurações do MPMA foram iniciadas em fevereiro de 2013 quando, em Representação
ao MPMA, um morador do município informou a existência de irregularidades na
contratação de servidores, dando como exemplo o caso de quatro pessoas para o
quadro da Secretaria Municipal de Receita, além de professores, motoristas e
outros cargos.
A
contratação ignorava a determinação judicial para nomeação e posse de todos os
aprovados no último concurso público feito pela Prefeitura Municipal de Paço do
Lumiar, com validade até 17 de março daquele ano.
Em
outra Representação, em maio de 2013, um professor contratado pelo município
denunciou à Promotoria de Justiça ter sido exonerado em novembro de 2012, antes
do término da validade de seu contrato. Ainda segundo ele, que em 2013, foram
contratados diversos professores sem seletivo na escola em que ele trabalhava.
Ele
teria presenciado um vereador apresentar vários professores na Secretaria
Municipal de Educação para assinarem contratos. De acordo com ele, cada
vereador de Paço do Lumiar teria uma cota de professores para indicar.
FALTA
DE CONTROLE
Um
dos exemplos da ilegalidade praticada pelo Município de Paço do Lumiar é o que
ocorre na Secretaria Municipal de Educação. Com 398 servidores efetivos, o
órgão municipal com 128 professores contratados, desrespeitando o limite de
20%, determinado na própria Lei Municipal nº 479/2013 para admissão de
professores substitutos ou visitantes, o que corresponde a 80 servidores.
Porém, há 48 professores contratados a mais do que o limite.
A
representante do MPMA apurou que as contratações de pessoal para exercer cargo
comissionado durante o primeiro ano de mandato de Josemar Sobreiro, somam 403
contratados, entre eles, os lotados no gabinete do prefeito (42), na Secretaria
Municipal de Infraestrutura (40) e na Secretaria Municipal de Educação (49).
Após espancar a ex-mulher, prefeito é enquadrado na Lei Maria da Penha
Portal TopC
O prefeito do município Cururupu, José Carlos de Almeida Júnior, o Júnior Franco (PMDB), foi enquadrado na Lei Maria da Penha e agora responde a processo na 3ª Câmara Criminal.
O gestor foi denunciado na Vara Especial de Violência Doméstica e Familiar da comarca de São Luís, após agredir a socos e murros na cabeça a ex-companheira.
Ela havia ido buscar o filho na casa da ex-sogra no dia 07 de abril
quando foi agredida e impedida de levar a criança. O caso foi
registrado, na ocasião, no Plantal Central da Reffesa e a vítima foi
submetida a exame de corpo de delito, em seguida encaminhado para a
Delegacia Especial da Mulher.
Como o acusado ocupa o cargo de prefeito, o caso passou a ser de competência do Tribunal de Justiça, cabendo ao órgão julgar o prefeito.
Não foi decretada a prisão preventiva contra Júnior Franco, mas ele perdeu o direito de ver o filho menor.
A justiça determinou ainda que o agressor se mantenha distante da vítima e dos familiares da ex-mulher, e que cumpra com o pedido de provisão de alimentos no valor de 30% dos rendimentos líquidos do seu salário de prefeito.
Veja abaixo a decisão expedida no dia 6 de maio e publicada no último dia 7 no Diário da Justiça do Estado:
Portal TopC
O prefeito do município Cururupu, José Carlos de Almeida Júnior, o Júnior Franco (PMDB), foi enquadrado na Lei Maria da Penha e agora responde a processo na 3ª Câmara Criminal.
O gestor foi denunciado na Vara Especial de Violência Doméstica e Familiar da comarca de São Luís, após agredir a socos e murros na cabeça a ex-companheira.
O prefeito de Cururupu Júnior Franco: batendo forte |
Como o acusado ocupa o cargo de prefeito, o caso passou a ser de competência do Tribunal de Justiça, cabendo ao órgão julgar o prefeito.
Não foi decretada a prisão preventiva contra Júnior Franco, mas ele perdeu o direito de ver o filho menor.
A justiça determinou ainda que o agressor se mantenha distante da vítima e dos familiares da ex-mulher, e que cumpra com o pedido de provisão de alimentos no valor de 30% dos rendimentos líquidos do seu salário de prefeito.
Veja abaixo a decisão expedida no dia 6 de maio e publicada no último dia 7 no Diário da Justiça do Estado:
DESCASO E ABANDONO NA CAMPINA
Por Fernando Atallaia
Direto da Redação
A imagem que você vê abaixo é de uma das principais vias de acesso do bairro Campina localizado no Centro de São
José de Ribamar. Um dentre os milhares de buracos e crateras que vem assolando
o município. Muito antes das fortes chuvas a buraqueira no local já havia provocado inúmeros
acidentes envolvendo transeuntes e condutores de veículos.
O Executivo municipal
que ainda não se pronunciou sobre a dilacerante paisagem segue com a Secretaria
de Obras da prefeitura funcionando só no papel.
Já a população que tem que utilizar o trajeto, diariamente, não suporta mais as tantas agruras. ANB Online apurou que o prefeito Gil Cutrim(PMDB) e o titular da Pasta André Franklin sabem do buraco, mas ignoram a situação. Já os ribamarenses da Campina, esses já não sabem a quem recorrer:
Já a população que tem que utilizar o trajeto, diariamente, não suporta mais as tantas agruras. ANB Online apurou que o prefeito Gil Cutrim(PMDB) e o titular da Pasta André Franklin sabem do buraco, mas ignoram a situação. Já os ribamarenses da Campina, esses já não sabem a quem recorrer:
Enorme cratera numa das principais vias de acesso da Campina: um dentre os milhares de buracos do prefeito Gil Cutrim espalhados pelo município |
Lola
Benvenutti, a moça das letras e do sexo pago
Eu gosto do Henry Miller, da Hilda Hilst… Tem um livro muito bom do John Cleland chamado Fanny Hill sobre uma órfã de 15 anos que vai para Londres e acaba se tornando garota de programa. O escândalo desse romance para a época [o livro foi publicado em 1748] é que ela retrata isso sem culpa. Um livro mais atual é o Pagando por Sexo, do Chester Brown. É uma história em quadrinho que conta as experiências do autor com garotas de programa.
Sou suspeita para falar, mas Lolita, do Vladimir Nabokov, foi o livro que me inspirou. Acho que por trazer essa coisa do proibido, assim como O Diário de Lori Lamby, da Hilda Hilst, que trata da menina que está perdendo a inocência. Eu gosto muito dessa coisa da fantasia, que você não vê em filme pornô. É um assunto proibido, que envolve a garota que se transforma em mulher.
Dos mais recentes, eu gostei muito de Ninfomaníaca. Também de Jovem e Bela, que é a história de uma prostituta francesa. Gosto desses filmes porque retratam situações que têm a ver com a minha.
É uma mescla de várias coisas. É difícil, porque o feed não pode ser em uma linguagem muito erudita, mas na faculdade eu estudei os clássicos. Há quem me questione sobre o jeito que eu escrevo “para alguém que fez letras”. Eu não posso fazer um tratado erótico.
Lógico, o feed tem que ser inebriante, porque é ali que eu ganho meu cliente. Às vezes, aquilo está muito mais elaborado, sou eu colocando minhas impressões. É uma questão subjetiva, como tudo na escrita. Por existir o trabalho de atrair o leitor e tornar aquilo instigante, o texto acaba tendo alguns elementos ficcionais, mas em essência é tudo realidade.
Você
tende a fazer mais feeds positivos ou negativos?
É mais raro ser ruim. Eu procuro falar a verdade, mas é claro que eu não posso acabar com a pessoa, porque é o meu trabalho. Se eu falar muito mal do cara, ele vai ficar com tanta vergonha que nunca mais vai voltar, e isso também é ofensivo. Uma vez, em um feed, eu disse algo como “podia ter chupado uma balinha…”. Foi uma coisa sutil. O cara estava com um bafo de onça, mas eu não disse isso. Achei que ele nunca mais me ligaria, mas ligou e pediu desculpas, disse que não tinha almoçado.
As pessoas que seguem a doutrina BDSM não gostam do livro porque não o acham realista. Acho difícil escrever um livro desse ponto de vista tão açucarado, tão romântico. As coisas se misturam e o resultado é mais um conto de fadas moderno do que de fato uma relação BDSM. Não é exatamente a realidade, mas tem pontos interessantes. Esse livro abriu a cabeça de muita gente para o que é o sadomasoquismo. Embora não seja um retrato fiel, acho que é válida a leitura para fazer as pessoas irem atrás de uma literatura como a do Sacher-Masoch, o pioneiro do sadomasoquismo.
Isso é uma discussão eterna. A qualidade literária de um texto não é necessariamente o que faz com que ele venda. Existem livros clássicos que são parte de uma literatura muito difícil, que exige uma formação prévia. Agora, quando você pensa em mercado, você tem que pensar em algo que atinja a maior parte do seu público. Se as pessoas que não têm o costume de ler estão lendo 50 Tons de Cinza, elas podem querer outras coisas depois.
Na faculdade, minha pesquisa era sobre moda punk, então eu pensei em estudar moda e fetiche, o sexo, as roupas, o comportamento. Mas com essa guinada que minha vida deu ouvi muita gente falar que eu poderia ser uma voz, fazer um estudo que realmente significasse algo. Então eu quero pesquisar sexualidade em relação à prostituição nos diferentes meios de trabalho – boates, sites e rua. Estou procurando alguém que possa me orientar. Eu não quero uma visão estigmatizada sobre o assunto. Ainda hoje a prostituição é vista de forma muito preconceituosa e isso dificulta o meu projeto de mestrado.
Existe essa ideia da prostituta como vítima – ela não teve escolha e acabou assim. Essa imagem ainda é muito forte, e esse é um problema grave da prostituição, no sentido de as meninas serem marginalizadas. Muitas garotas têm filhos, torcem para achar um príncipe que as tire da prostituição. Isso porque elas não são aceitas na sociedade, e isso as torna tristes. Minha preocupação maior é despertar um tipo de trabalho que possa dar um resguardo a essas meninas, mas isso é difícil por causa da pressão social. Até os clientes são preconceituosos, acham que podem fazer tudo só porque estão pagando. É uma relação que ainda está muito errada, e é isso que precisa mudar, não o trabalho.
Depende. Tem casais que são muito liberais, então o cara pode transar comigo e eu interajo com ela. Às vezes, ela concorda em fazer o ménage mas não quer que o homem interaja comigo. Eu fico na minha, tenho que ter essa delicadeza. Tem o trabalho de deixar o casal muito à vontade, conversar antes… É um processo delicado, mas as mulheres estão se soltando cada vez mais.
Já vi um cara com fetiche de se sentir em um ambiente em que ele vai ser abatido como um porco. A faca amolando, as pernas amarradas… Uma vez um outro me ofereceu R$ 150 mil para fazer um filme pornô em que eu transaria com um orangotango. Perguntei: “Um homem vestido de orangotango?”. E ele respondeu: “Não, um orangotango de verdade”. Nem por R$ 5 milhões.
Ela estudou literatura, faz pós-graduação e traz no
corpo tatuagens com frases de grandes escritores brasileiros. Escreve críticas
literárias, mas sua profissão principal é outra: “Sou puta”, diz
Da Vip
O garçom
do bar no Baixo Augusta, em São Paulo, estava plantado ao lado dela, atento a
cada palavra. Tímido, pediu desculpas ao interromper a conversa quando ela
falava de fetiches. Na mesa ao lado, homens sóbrios de terno e gravata olhavam
as pernas nuas de Lola Benvenutti. O rabo de cavalo e o short curto exibiam a
juventude dos seus 22 anos. As palavras denotavam a experiência.
Garota
de programa desde quando cursava letras na Universidade Federal de São Carlos,
no interior de São Paulo, Lola poderia ser a Lolita de Nabokov, uma amante de
Bukowski, ou personagem de Almodóvar, ou ainda Diadorim vestida de jagunço em
Grande Sertão: Veredas. É uma leitora compulsiva e abriga ao mesmo tempo a
delicadeza e o impulso dominador da sadomasoquista.
Tatuada
na sua pele clara estão seus mestres. “Dizer insistentemente que fazia sol lá
fora”, recita Manuel Bandeira nos ombros. No braço, Guimarães Rosa sentencia:
“Digo: o real não está na saída nem na chegada. Ele se dispõe para a gente no
meio da travessia”.
Lola
também é escritora e ativista. O primeiro livro será lançado este ano sobre a
trajetória, as descobertas e o dia a dia com os clientes. Ela também resenha
livros eróticos para a Companhia das Letras. E tem feito aulas de pós-graduação
e se prepara para o mestrado no qual pretende estudar a prostituição nos mais
variados ambientes, das ruas aos hotéis de luxo. Seu objetivo é ser uma
voz esclarecedora em meio a tanto preconceito.
Um
detalhe importante: já namorou sério enquanto trabalhava (o namorado era
cliente antes). Ela diz que jamais esconderia o trabalho de alguém e não o
largaria por homem nenhum.
Lola Benvenutti: crítica literária, sexo, grandes escritores e a profissão principal: '' Sou puta''. |
Quais
são os seus autores e livros eróticos favoritos?
Eu gosto do Henry Miller, da Hilda Hilst… Tem um livro muito bom do John Cleland chamado Fanny Hill sobre uma órfã de 15 anos que vai para Londres e acaba se tornando garota de programa. O escândalo desse romance para a época [o livro foi publicado em 1748] é que ela retrata isso sem culpa. Um livro mais atual é o Pagando por Sexo, do Chester Brown. É uma história em quadrinho que conta as experiências do autor com garotas de programa.
Qual
é o livro mais excitante que você já leu?
Sou suspeita para falar, mas Lolita, do Vladimir Nabokov, foi o livro que me inspirou. Acho que por trazer essa coisa do proibido, assim como O Diário de Lori Lamby, da Hilda Hilst, que trata da menina que está perdendo a inocência. Eu gosto muito dessa coisa da fantasia, que você não vê em filme pornô. É um assunto proibido, que envolve a garota que se transforma em mulher.
E
o filme mais excitante que você já viu?
Dos mais recentes, eu gostei muito de Ninfomaníaca. Também de Jovem e Bela, que é a história de uma prostituta francesa. Gosto desses filmes porque retratam situações que têm a ver com a minha.
Como
você usa a tecnologia no seu trabalho?
A literata em um de seus melhores momentos: ela poderia ser a Lolita de Nabokov ou uma amante de Bukowski |
A internet, para mim, foi o meio onde tudo começou. Todos os meus agendamentos
são feitos pelo site, e o YouTube, o Instagram, todas as redes sociais acabam
sendo uma promoção da Lola, o que se reverte em clientes. Eu já aceito cartão,
parcelo em duas vezes – acho que sou a única que faz isso – e tenho pensado em
aceitar bitcoin. Cada vez mais a tecnologia está a meu favor, no sentido de não
ter que ficar na rua ou na boate para conseguir clientes. Eu tenho que perceber
o que a clientela quer e o que o mercado exige.
Que
estilo você usa para escrever os feeds no seu blog? Culto ou
informal?
É uma mescla de várias coisas. É difícil, porque o feed não pode ser em uma linguagem muito erudita, mas na faculdade eu estudei os clássicos. Há quem me questione sobre o jeito que eu escrevo “para alguém que fez letras”. Eu não posso fazer um tratado erótico.
O
jeito como você escreve o feed tem algum elemento ficcional?
Lógico, o feed tem que ser inebriante, porque é ali que eu ganho meu cliente. Às vezes, aquilo está muito mais elaborado, sou eu colocando minhas impressões. É uma questão subjetiva, como tudo na escrita. Por existir o trabalho de atrair o leitor e tornar aquilo instigante, o texto acaba tendo alguns elementos ficcionais, mas em essência é tudo realidade.
Será que ela lançará sua obra em solo ribamarense? |
É mais raro ser ruim. Eu procuro falar a verdade, mas é claro que eu não posso acabar com a pessoa, porque é o meu trabalho. Se eu falar muito mal do cara, ele vai ficar com tanta vergonha que nunca mais vai voltar, e isso também é ofensivo. Uma vez, em um feed, eu disse algo como “podia ter chupado uma balinha…”. Foi uma coisa sutil. O cara estava com um bafo de onça, mas eu não disse isso. Achei que ele nunca mais me ligaria, mas ligou e pediu desculpas, disse que não tinha almoçado.
Você
acha que 50 Tons de Cinza é um retrato fiel do mundo BDSM?
As pessoas que seguem a doutrina BDSM não gostam do livro porque não o acham realista. Acho difícil escrever um livro desse ponto de vista tão açucarado, tão romântico. As coisas se misturam e o resultado é mais um conto de fadas moderno do que de fato uma relação BDSM. Não é exatamente a realidade, mas tem pontos interessantes. Esse livro abriu a cabeça de muita gente para o que é o sadomasoquismo. Embora não seja um retrato fiel, acho que é válida a leitura para fazer as pessoas irem atrás de uma literatura como a do Sacher-Masoch, o pioneiro do sadomasoquismo.
A
trilogia 50 Tons foi muito criticada por ser de baixa qualidade como obra
literária. Você concorda com essa avaliação?
Isso é uma discussão eterna. A qualidade literária de um texto não é necessariamente o que faz com que ele venda. Existem livros clássicos que são parte de uma literatura muito difícil, que exige uma formação prévia. Agora, quando você pensa em mercado, você tem que pensar em algo que atinja a maior parte do seu público. Se as pessoas que não têm o costume de ler estão lendo 50 Tons de Cinza, elas podem querer outras coisas depois.
Qual
é o objeto de estudo do seu mestrado?
Na faculdade, minha pesquisa era sobre moda punk, então eu pensei em estudar moda e fetiche, o sexo, as roupas, o comportamento. Mas com essa guinada que minha vida deu ouvi muita gente falar que eu poderia ser uma voz, fazer um estudo que realmente significasse algo. Então eu quero pesquisar sexualidade em relação à prostituição nos diferentes meios de trabalho – boates, sites e rua. Estou procurando alguém que possa me orientar. Eu não quero uma visão estigmatizada sobre o assunto. Ainda hoje a prostituição é vista de forma muito preconceituosa e isso dificulta o meu projeto de mestrado.
Você
acha que a prostituição é vista como uma “última opção”?
Existe essa ideia da prostituta como vítima – ela não teve escolha e acabou assim. Essa imagem ainda é muito forte, e esse é um problema grave da prostituição, no sentido de as meninas serem marginalizadas. Muitas garotas têm filhos, torcem para achar um príncipe que as tire da prostituição. Isso porque elas não são aceitas na sociedade, e isso as torna tristes. Minha preocupação maior é despertar um tipo de trabalho que possa dar um resguardo a essas meninas, mas isso é difícil por causa da pressão social. Até os clientes são preconceituosos, acham que podem fazer tudo só porque estão pagando. É uma relação que ainda está muito errada, e é isso que precisa mudar, não o trabalho.
Como
se comportam o homem e a mulher quando um casal contrata você para um ménage?
Depende. Tem casais que são muito liberais, então o cara pode transar comigo e eu interajo com ela. Às vezes, ela concorda em fazer o ménage mas não quer que o homem interaja comigo. Eu fico na minha, tenho que ter essa delicadeza. Tem o trabalho de deixar o casal muito à vontade, conversar antes… É um processo delicado, mas as mulheres estão se soltando cada vez mais.
Qual
é o fetiche mais estranho que você já viu?
Já vi um cara com fetiche de se sentir em um ambiente em que ele vai ser abatido como um porco. A faca amolando, as pernas amarradas… Uma vez um outro me ofereceu R$ 150 mil para fazer um filme pornô em que eu transaria com um orangotango. Perguntei: “Um homem vestido de orangotango?”. E ele respondeu: “Não, um orangotango de verdade”. Nem por R$ 5 milhões.
Você
deixaria de trabalhar por um namorado?
Nunca! Imagina.
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